Em 1999 chegava ao mercado americano o robô Da Vinci, que revolucionaria operações de diversas especialidades, em especial as urológicas. No Brasil, a inovação chegou em 2008, ganhando espaço nos grandes centros de saúde de forma mais lenta. Enquanto nos EUA há mais 3 mil robôs em funcionamento, por aqui, o número gira em torno de 70 aparelhos. Mas isso está mudando. Graças ao reconhecimento dos benefícios que o procedimento robótico permite, a expectativa é de que, a partir de agora, a técnica se popularize muito mais rapidamente aqui no nosso estado, graças ao primeiro robô adquirido pelo Hospital Santa Rita.
Embora o nome possa sugerir que a cirurgia seja feita pelo robô, o procedimento é totalmente realizado pelo médico cirurgião, que controla todos os movimentos dos braços robóticos a partir de um console próximo à mesa de cirurgia. É necessário ainda que um segundo cirurgião permaneça ao lado do paciente para trocar as pinças e fazer outros ajustes necessários durante a operação, além do anestesista, da instrumentadora e do pessoal que fica na sala para suporte.
Para o cirurgião, a cirurgia robótica oferece vantagens como visão em 3 dimensões, visão estável, já que a câmera é mantida e movida por um braço articulado, e liberdade de movimentos através de instrumentos com três eixos de mobilidade.
Entre os benefícios para o paciente, podemos citar melhores resultados oncológicos, menos dor, menos chances de sangramento e, portanto, menos chances de transfusões sanguíneas, recuperação pós-operatória mais rápida, menos uso de analgésicos, retorno mais rápido às atividades e menos tempo de hospitalização.
Boa parte dos benefícios da cirurgia robótica podem ser observados, sobretudo, nos procedimentos mais complexos e delicados da oncologia. É o caso, por exemplo, da retirada de tumores de próstata ou de rim. A precisão do robô pode oferecer ao paciente menor risco de sequelas, principalmente as mais temidas, como impotência e incontinência urinária, no caso do câncer de próstata. No que diz respeito ao câncer de rim, a grande vantagem é a possibilidade de realizar o que chamamos de nefrectomia parcial, ou seja, a retirada apenas do tumor do rim, preservando o órgão.
Mais ágil e tão segura quanto os métodos tradicionais, a robótica vem auxiliando médicos na busca por resultados cada vez melhores em cirurgias que antes ofereciam riscos aos pacientes, seja na hora da operação ou em um segundo momento. É por isso que, no caso do tratamento cirúrgico para câncer de próstata, por exemplo, ela é, hoje, considerada a melhor opção.
Quando um paciente deve optar pela cirurgia robótica?
A cirurgia robótica amplia os benefícios das cirurgias videolaparoscópicas (feitas por meio de pequenas incisões no corpo) para procedimentos de alta complexidade que, na urologia, são, principalmente, três:
Prostatectomia, que é a remoção da próstata em casos de tumores e de glândula muito grande;
Cistectomia, que é a remoção de parte ou de toda a bexiga urinária para o tratamento do câncer de bexiga;
E nefrectomia parcial, que é a remoção de parte do rim, em casos de câncer renal.
A cirurgia robótica permite que o médico opere por meio de incisões menores, que machucam menos os tecidos e deixam menos cicatrizes. Justamente por serem pequenas, garantem menos sangramento, menos infecção, menos dor no pós-operatório e menor trauma ao corpo. Tudo isso faz com que a recuperação do paciente seja bem mais rápida e tranquila.
Câncer de próstata
Nas prostatectomias, que demandam que o cirurgião alcance locais de difícil acesso à mão humana, a cirurgia robótica se revela especialmente vantajosa. A plataforma filtra tremores do cirurgião, permite que as pinças cheguem em locais muito restritos e de difícil acesso, possibilita a realização de rotações em 360º e garantem muito mais liberdade de movimento e precisão para o médico.
Essas condições (e muitas outras) permitem que os delicados nervos da próstata, que controlam a bexiga e a função sexual, sejam preservados. O impacto aos nervos, tecidos e estruturas circundantes são mínimos, o que significa que ambas as funções correm menos risco de comprometimento.
Lembrando que qualquer paciente com câncer de próstata que tenha a indicação cirúrgica pode realizar o procedimento.
Vantagens da cirurgia robótica em relação à cirurgia convencional (aberta):
– É menos invasiva (os cortes são menores)
– Reduz sangramentos, dores e risco de infecção
– A recuperação do paciente é mais rápida
– E o tempo de internação é menor
Vantagens da cirurgia robótica em relação à cirurgia laparoscópica:
– Mais precisão nas cirurgias em locais de difícil acesso, como nas regiões de pelve, diafragma e saída do esôfago
– Visão tridimensional
– Melhor ergonomia (o cirurgião fica sentado em posição confortável, o que ajuda nas cirurgias longas)
– E o fato de ser mais intuitivo, já que o robô reproduz os movimentos do cirurgião. Na laparoscopia convencional, o mecanismo de movimentação dos instrumentos cirúrgicos é inverso: o cirurgião movimenta os dedos para a esquerda e a pinça se move para a direita.